Posso repreender o espírito da pobreza em minha vida?
Você Pergunta: Tenho orado muito ultimamente contra a pobreza na minha vida. Como uma maldição, a tenho expulsado da minha vida em nome de Jesus e da vida da minha família, e tenho pedido a Deus a libertação da minha vida financeira do espírito de pobreza, e que o dinheiro não seja uma preocupação pra mim. Você aconselha este tipo de oração?
Cara leitora, observei em suas palavras que você está meio confusa em seu entendimento a respeito do que é a pobreza e do que ela representa espiritualmente. Para que você compreenda melhor essa questão, preciso fazer algumas ponderações importantes:
(1) Muitas igrejas têm ensinado erroneamente que a pobreza é resultado de alguma maldição espiritual ou mesmo da ação objetiva de espíritos malignos. Chegam até a pregar que crentes verdadeiros, mas que são pobres, estão sob essa maldição e precisam se libertar. Esse pensamento não é bíblico! Observe que os pobres, que viviam em Jerusalém, foram chamados de santos e foram ajudados pelos irmãos da Macedônia e Ácaia: “Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém.” (Romanos 15.26). Como esses servos de Deus seriam considerados “santos” se estivessem sob a “maldição da pobreza”? O correto não seria, então, os irmãos ricos da Macedônia e Ácaia libertá-los da maldição da pobreza para que fossem ricos?
(2) Alguém pode dizer que no Antigo Testamento a prosperidade era ligada a obediência a Lei. Isso é verdade. Vemos ali que a obediência a Lei gerava prosperidade e a desobediência gerava a falta dela. Porém, vivemos no tempo da graça e não estamos mais sob o regime da antiga aliança. Assim, esses princípios do Antigo Testamento não se aplicam a nós hoje.
(3) É interessante notar que aprouve a Deus escolher uma família de pobres para acolher o menino Jesus. Maria e José eram pobres. José era carpinteiro, uma profissão comum entre pessoas pobres. Jesus declarou sobre si mesmo que não tinha nem um lugar para chamar de seu: “Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Lucas 9.58). Ora, se a pobreza fosse maldição o Filho de Deus não nasceria em uma família de pobres e nem seria pobre.
(4) Podemos entender que a pobreza pode ser o resultado de diversas circunstâncias da vida ou também das escolhas que fazemos. Alguém que nasce em uma família pobre será pobre por diversos anos em sua vida. Qual o erro dessa pessoa? Está debaixo de uma maldição por ter nascido em uma família pobre? Evidente que não! Até porque pobreza não é defeito e nem maldição, antes, é uma condição de vida diante da sociedade. Existem aqueles que por causa de escolhas erradas em sua vida, ou talvez em sua profissão, ficaram pobres. Também aqueles que foram acometidos por doenças ou outro fator alheio à sua vontade tiveram de experimentar a pobreza financeira. Outra coisa interessante: existe algum padrão para definir se alguém é pobre ou não?
(5) A Bíblia não faz apologia a pobreza e nem a riqueza, porém fala severamente contra o amor do dinheiro. Ela declara: “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (1 Timóteo 6.10). Assim, a Bíblia sempre nos orienta a que haja um equilíbrio e que Deus sempre seja Senhor de todas as coisas e situações em nossas vidas (boas ou não). Não existe ordem de Deus para repreender espírito da pobreza e nem qualquer apontamento dizendo que uma pessoa que não é rica está possessa por algum espírito maldito.
(6) Assim, não há a necessidade de repreender nenhum espírito da pobreza. Busque melhoria das suas condições de vida através do trabalho e do estudo. Busque oportunidades de melhorar. Deus se agrada e abençoa isso. Se o dinheiro tem sido uma preocupação grandiosa, experimente andar na dependência de Deus, pois ele disse: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6.25).
(7) Não seja como aqueles que acham que tudo que aconteceu ou acontece em suas vidas é culpa do diabo. Esses se eximem de sua responsabilidade e acham que as coisas cairão do céu em suas vidas através de um simples ato de “repreender” situações desconfortáveis ou “espíritos malignos”. Ore ao Senhor e peça ajuda e oportunidades para melhorar suas condições de vida. Isso sim é digno e convém a um cristão.
(8) Para finalizar deixo o recado certeiro de Jesus quanto a esse assunto: “Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12.15). Isso significa que não é maldito quem é pobre e nem bendito quem é rico. O padrão de “medição” de Deus sobre uma vida abençoada não é a quantidade de bens que alguém possui!
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