Como confiar em um Deus que permite que eu sofra?
Você Pergunta: Já faz um bom tempo que tenho tido alguns sofrimentos em minha vida, principalmente na área financeira. Sempre busco a Deus pedindo que me liberte desse sofrimento, mas nada acontece. Estou desanimada, como posso manter a minha fé em Deus se Ele permite que eu sofra? Ele é o todo poderoso, poderia acabar com meu sofrimento agora mesmo! Por que não faz isso?
Cara leitora, a palavra mais forte do seu depoimento é sofrimento. Uma palavra que deixa qualquer ser humano de cabelo em pé. Isso porque amamos os prazeres e as sensações que nos trazem o máximo de bem estar possível. Costumamos rejeitar grande parte dos sofrimentos que passamos na vida e taxá-los de algo ruim, de algo que não pode vir de um Deus bom. Inclusive, costumamos associar as bênçãos de Deus apenas com coisas que achamos “boas” ou “prazerosas” para nós, ou seja, que não nos tragam qualquer tipo de sofrimento.
Logo, pela lógica humana, é bem estranho confiar em um Deus que permite que eu sofra estando em Suas mãos o proporcionar aquilo que me agrada! Daí surge a questão: como posso ter fé em um Deus que me permite sofrer? Como sempre a Bíblia coloca as questões nos seus devidos lugares. Vejamos juntos:
(1) Na Bíblia vemos narrados diversos tipos de sofrimentos passados tanto por ímpios quanto pelo próprio povo de Deus. As causas mais comuns apresentadas pela Bíblia são a justiça de Deus sobre povos ímpios, a correção de Deus sobre seu povo quando este está desviado do Seu caminho e o ensino de Deus para o crescimento dos Seus servos. Ou seja, vemos claramente que o sofrimento nunca é apresentado na Bíblia como um capricho de Deus para com os homens. O sofrimento sempre tem motivo e objetivo, logo, não podemos olhar para o sofrimento apenas com um olhar de maldição como se ele fosse algo que não pudesse existir na vida daqueles que têm fé em Deus, como se ele fosse incompatível com as bênçãos de Deus.
(2) Falando mais especificamente sobre o sofrimento na vida dos servos de Deus (que é o seu caso), vemos se repetir muito na Bíblia um título muito importante atribuído a Deus: Pai. Esse título diz muito. Isso porque o pai (terreno) tem a função principal (e mais difícil) de educar, de edificar o filho inexperiente e torná-lo uma pessoa de bem (pelo menos é isso que se espera). Para realizar tal tarefa o pai precisará dizer muitos nãos ao filho, precisará discipliná-lo quando este agir erroneamente, precisará cobrar dele atitudes corretas, etc. Precisará ser pai. Tudo isso certamente trará sofrimentos ao filho, isso é fato, pois o filho deseja em seu coração receber somente aquilo que gosta do pai. Mas se o pai der ao filho somente o que ele gosta não cumprirá sua missão para com o filho, antes, criará um monstro. Deus é o nosso Pai maior, por isso, não criará monstros, antes nos dará aquilo que precisamos para crescermos, ainda que isso nos traga sofrimentos. Veja o que a Bíblia diz: “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12. 7)
(3) A grande chave para lidar com o sofrimento é como o encaramos. Se o encararmos sendo algo que vem de Deus (nosso Pai) com algum propósito, certamente conseguiremos extrair do sofrimento algo de valor, exatamente o que Deus deseja que extraiamos, conforme nos ensina a Palavra: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.” (Hb 12.11).
(4) Não podemos negar que algumas vezes sofremos sem compreender muito bem o porquê daquele sofrimento. Foi o caso de Jó, que é descrito como sendo um homem íntegro e reto e que em nossa visão não mereceria o sofrimento que viveu. O que chama a atenção é que Jó não blasfemou contra Deus mesmo em meio a um sofrimento ímpar, e ao final de todo o terrível sofrimento que passou, vemos que ele declara certa compreensão do que aprendeu com todo aquele sofrimento, ainda que não soubesse os reais motivos: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” (Jó 42. 5). Jó aprendeu algo. Tirou algo de positivo do seu sofrimento. Essa é a forma bíblica de passar pelo sofrimento, mesmo aqueles que não compreendamos bem.
(5) Assim, concluo que é essencial termos fé no Deus que permite que soframos. Essa fé nos levará a compreender e atingir o objetivo de Deus em nosso sofrimento. E essa atitude é louvada na Bíblia, conforme vemos em Isaías 26.16: “SENHOR, na angústia te buscaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram as suas orações.”. Revoltar-se contra Deus e permitir que a nossa fé se esfrie só trará mais sofrimentos, o que ninguém deseja, nem o Pai. Ao contrário, o sofrimento deve nos fazer mais fortes conforme bem observou Paulo: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2Co 12. 10).
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