O que significa línguas dos anjos?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você pergunta: Muito se discute a respeito do dom de línguas na Bíblia, se ele ainda existe ainda hoje ou não. Um texto que me intriga muito é 1 Coríntios 13:1, onde Paulo fala a respeito das línguas dos anjos. Que línguas são essas? Seria esse falar em línguas que vemos muitas pessoas falando nas igrejas e que não entendemos muito bem?

Caro leitor, a questão do falar em línguas realmente é um tema muito polêmico, que por séculos tem provocado diversos debates.

As três principais interpretações sobre as línguas dos anjos são:

  • Seriam línguas estranhas?
  • Seria uma figura de linguagem que Paulo usou (hipérbole)?
  • Seriam a comunicação que acontece entre os seres celestiais no céu?

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O que são as línguas dos anjos citadas por Paulo?

(1) O texto que o leitor cita é este: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1 Coríntios 13:1).

A primeira coisa a se compreender sobre esse texto é que a Bíblia em nenhum momento menciona que existam línguas (idiomas) especiais que os anjos falam.

Sempre que anjos são mencionados conversando com pessoas eles falam a língua da pessoa e não uma língua própria que poderia ser chamada de línguas dos anjos.

Da mesma forma, quando servos de Deus tiveram visões de anjos, eles compreenderam aquilo que esses seres estavam falando em uma linguagem conhecida:

“Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Apocalipse 5:11-12)

Dessa forma, afirmar que anjos falam em línguas especiais (estranhas) baseados única e exclusivamente no texto de Paulo é algo muito equivocado como veremos a seguir.

(2) Isso nos leva a pensar: O que Paulo quis dizer com línguas dos anjos? Seria uma revelação feita apenas a ele de que os anjos falam em línguas especiais que os seres humanos não entendem? A resposta é não!

Uma avaliação cuidadosa do texto e contexto (regra básica da interpretação correta) nos revela claramente o que Paulo quis comunicar ali. Paulo usou uma figura de linguagem chamada hipérbole.

O dicionário Priberan Online define essa palavra como “Figura de retórica que corresponde ao exagero com efeitos enfáticos no sentido das palavras ou das frases”.

Isso significa que Paulo usou de vários “exageros” nesse texto para enfatizar seu ensino. Inclusive quando usou línguas dos anjos também usou de uma hipérbole.

(3) Mas como saber que Paulo usou de hipérbole nesse texto? Se você observar em todo o contexto, Paulo usa de diversas hipérboles para fortalecer seu ensino.

Por exemplo, vejamos algumas: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência” (1 Coríntios 13:2).

Como alguém pode conhecer todos os mistérios e toda a ciência? Aqui temos um exagero proposital de Paulo para enfatizar o argumento de seu ensino.

Ele continua: “ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei” (1 Coríntios 13:2). Você já viu alguma montanha mudar de lugar por causa de alguém que exerceu a fé? Óbvio que não! Temos aqui também mais uma hipérbole usada por Paulo.

E mais outra: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1Coríntios 13:3).

Aqui Paulo também trabalha a figura do exagero, já que é impossível que alguém entregue 100% de seus bens. Algo sempre a pessoa vai ter. Outra coisa, em sã consciência, quem irá entregar seu próprio corpo para ser queimado? Mais uma figura de linguagem hiperbólica de Paulo.

(4) Assim, fica evidente que nos versos de 1 a 3 de 1 Coríntios 13 Paulo usou diversas hipérboles, incluindo o termo “línguas dos anjos” como figuras de linguagem para promover o seu ensino sobre a importância e superioridade do amor.

Fica claro que nessa hipérbole Paulo está demonstrando que mesmo se pudesse ser o maior comunicador do mundo, sabendo falar qualquer idioma, conhecesse as linguagens e mensagens mais sublimes (dos anjos,) sem o amor nada disso teria valor.

Ou seja, se houvesse possibilidade de ter as maiores habilidades de sabedoria e comunicação do mundo, sem o amor, elas seriam apenas barulho (bronze que soa e címbalo que retine).

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