O cristão pode participar de festas mundanas?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: nesse carnaval que se passou fui convidada a participar de um bloco de rua. Aparentemente, esse bloco não tinha nada demais, não ia ter mulheres nuas e nem os exageros que costumamos observar no carnaval. Mas fiquei muito em dúvida se, como crente, deveria participar ou não, afinal, tem a questão do testemunho também. Como podemos avaliar esse tipo de convite para ir em festas? Como saber se é algo de Deus ou não? Pode me ajudar a pensar melhor sobre isso?

Cara leitora, esse tipo de convite acontece o tempo todo, afinal, os crentes vivem em sociedade e são seres humanos também, não é verdade? Mas é muito importante que haja uma avaliação séria do crente quando às coisas que participa, pois nem tudo é edificante e convém. Vamos avaliar alguns pontos.

O cristão pode participar de todo tipo de festa?

(1) Alguns aceitam que o crente participe de qualquer tipo de festa ou evento e, quando questionados, sempre usam o exemplo de que Jesus esteve entre pecadores e nos piores círculos da sociedade. Isso é verdade, Jesus esteve realmente em lugares bastante complicados e com pessoas bastante complicadas, mas existe uma diferença.

Jesus não participava desse tipo de evento como mais um participante. Jesus fazia a obra de Deus ali e era visto como tal e a presença dele ali era notada como tal. Era recebido nestes lugares como um servo de Deus e fazia ali a obra do Senhor.

Não vemos em nenhum momento Jesus fazendo as mesmas obras que eram feitas naqueles lugares por aquelas pessoas. Isso nos ensina que Jesus tinha objetivos espirituais indo àqueles eventos.

Jesus não estava ali apenas socialmente para participar do evento como qualquer um dos participantes e nem aprovava tudo que era feito ali.

(2) Não creio que seja proibido que o crente participe de todo e qualquer tipo de evento fora do âmbito religioso. Existem eventos que não trazem qualquer prejuízo ao crente estar ali, claro, desde que seja realmente um crente comprometido também ali naquele local. Toda a caminhada cristã deve ser vista como sendo oportunidade de ser sal e luz.

Dessa forma, por exemplo, ao ir em um churrasco da empresa, em um almoço familiar, em uma entrega de prêmios, enfim, eventos em que a presença do cristão não lhe traga qualquer desabono, creio que seja um importante momento de conversas, de estreitamento de laços, de exposição de suas posições bíblicas através de ações, conversas e até da rejeição de certas coisas que outros fazem, mas que não convém ao crente.

(3) Ao mesmo tempo, é evidente que não são todos os lugares que convém ao crente estar. Existem festas e eventos em que, de antemão, já se sabe que aquilo que será feito ali é de extremo desagrado de Deus.

Logo, qual o objetivo do crente em estar ali? Por exemplo, quando eu era jovem, já fui convidado por amigos para ir a clubes de strip-tease comemorar o aniversário de um dos amigos. Como crente eu deveria ir? Alguns podem dizer que eu poderia ser sal e luz ali, que poderia pregar a palavra, etc.

Mas será que é assim mesmo? Será que o local é propício para que as pessoas prestem atenção em alguma outra coisa que não seja as mulheres dançando nuas? Será que eu iria realmente pregar alguma coisa ali? Será que meus amigos seriam impactados por meu testemunho cristão me vendo ali com eles participando das mesmas coisas erradas que eles participam?

Existem lugares e festas que já sabemos que são “da pesada” e que não convém de forma alguma ao crente estar ali sob qualquer pretexto. São eventos inconvenientes, de mal gosto, focados apenas no prazer carnal desregrado. Não há qualquer edificação ao crente participar disso!

(4) Outra coisa que devemos cuidar com carinho é o nosso testemunho. Não se trata de querer ser perfeito ou transparecer uma santidade mentirosa às pessoas, mas sim de cuidarmos das nossas ações para que elas sejam bênção e modelo para outras pessoas, principalmente aos mais novos na fé.

Exemplo: como presbítero, o que transpareceria da minha conduta caso eu estivesse andando atrás de um trio elétrico, dançando músicas com letras que nem sempre são bíblicas e bebendo minha cerveja sem álcool?

Certamente, meus discípulos se confundiriam em muito com minha postura, pois seria inconveniente. Jesus foi duro com relação a isso, quando disse que não devemos ser pedra de tropeço e nem escândalo para as pessoas:

“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” (Mateus 18:6).

Essa advertência de Jesus deveria fazer-nos ser mais cuidadosos com nossas escolhas, visando o bem do próximo acima dos nossos desejos pessoais.

(5) Um ponto também muito importante é que Deus nos orienta na Palavra a não sermos coparticipantes em obras das trevas:

“E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Efésios 5:11).

Em muitos casos, a nossa presença ajuda a promover maus eventos, onde acontecem coisas que desagradam a Deus e que, de nenhuma forma, são edificantes para ninguém.

Participando desse tipo de evento acabamos por ser coniventes com o que acontece ali e fica difícil convencermos alguém que condenamos os atos praticados ali se estamos em meio a tudo o que está ocorrendo como participantes ativos.

É uma questão de posicionamento coerente com a nossa fé. Devemos ser firmes e nos posicionar com firmeza com relação a isso.

(6) Por fim, gostaria de abordar a questão da dúvida. Às vezes ficamos em dúvida se participamos ou não, se devemos ir ou não a algum evento ou festa. Quando estou nesses momentos, costumo recorrer ao seguinte texto bíblico:

“Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado” (Romanos 14:23).

Se a dúvida é muito grande e incômoda, pode ser sinal de que é algo ruim e que você deva se afastar. Um outro texto que gosto muito fala a respeito da paz.

Se aquela situação está, de alguma forma, tirando a sua paz, a chance é grande de que você não deva participar, pois a paz de Cristo deve ser um importante ponto a ser considerado em nossas decisões: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração…” (Colossenses 3:15).

Conclusão:

Para finalizar, deixo um texto do apóstolo Paulo que nos ensina como devemos andar neste mundo. Isso nos ajuda a avaliar melhor sobre para o que dizemos sim e para o que dizemos não quando somos convidados a algo:

“Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Efésios 5:8). Andemos por lugares onde filhos da luz podem andar em paz.

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