4 verdades que talvez você não saiba sobre o livre-arbítrio

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você pergunta: Presbítero, estávamos discutindo aqui na igreja no domingo passado acerca do livre-arbítrio. Alguns irmãos afirmavam que todo ser humano o tem, enquanto outros disseram que não temos mais. Poderia nos fazer um estudo dando embasamento bíblico sobre este assunto?

Caro leitor, o livre-arbítrio do ser humano sempre foi alvo de muita discussão. Alguns creem que temos o livre-arbítrio, outros que não temos. Antes de trabalharmos o que a Bíblia diz sobre essa questão, é importante entender o que é o livre-arbítrio, qual o significado dele e o que significa realmente tê-lo em nossa vida. A definição que, acho eu, melhor explica o livre-arbítrio é esta: possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. Feito esta definição de significado, passo agora a mostrar quatro verdades que a Bíblia ensina sobre o livre-arbítrio.

4 verdades que talvez você não saiba sobre o livre-arbítrio

Verdades bíblicas sobre o livre-arbítrio

(1) O ser humano foi criado com o livre-arbítrio

Uma análise da criação de Deus nos primeiros capítulos de Gênesis nos mostra claramente que Deus dotou o ser humano dessa possibilidade de decidir livremente e de forma isenta fazer o bem ou o mal. Como soberano, Deus ordenou ao ser humano que usasse essa sua capacidade de exercer livremente a sua decisão para fazer a melhor escolha: “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:16-17). Como o pecado não estava presente, o homem tinha plena liberdade de obedecer a ordem de Deus ou desobedecê-la (como o fez). Isso configura a existência do livre-arbítrio dado por Deus ao ser humano.

(2) O ser humano perdeu o livre-arbítrio

Após a entrada do pecado no mundo, percebemos claramente que a penalidade imposta por Deus em caso de desobediência passa a vigorar. O homem tem diversas perdas, passando a morrer fisicamente e a também estar morto espiritualmente. Essa condição é clara, o homem passa a ser pecador e a não mais ter poder pleno de exercer o seu livre-arbítrio, já que sua natureza agora pende e é inclinada para todo tipo de pecado e maldade. A sequência do livro de Gênesis a partir do capítulo três nos mostra claramente a maldade dominando o ser humano, vemos homicídios acontecendo e pecados de todos tipos sendo praticados.

(3) Mesmo sendo restaurados por Deus, o homem não recupera seu livre-arbítrio

Alguns entendem que após sermos reconciliados recuperamos essa condição de exercer o livre-arbítrio, mas essa não é a realidade que a Bíblia ensina. Mesmo os salvos, sendo alcançados por Deus e transformados, mesmo que busquem diligentemente a santificação, ainda assim são influenciados diretamente pela sua natureza humana pecaminosa, que tira qualquer liberdade isenta de escolher o bem, mas, claro, deve ser resistida com a ajuda de Deus. Veja o que Paulo diz sobre isso: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7:19). Isso pode ser visto também na prática, pois, se realmente tivéssemos o livre-arbítrio deveríamos, como crentes, termos a capacidade de não mais pecar pela nossa livre decisão. Deveríamos decidir que não mais pecaríamos e ter condições de cumprir isso, o que não acontece. É por isso que Deus estabelece a necessidade do arrependimento e do perdão para nossa bênção.

(4) Quer dizer que não podemos mais fazer escolhas livres?

Existem escolhas cotidianas que não tem a ver diretamente com a nossa natureza humana pecaminosa. Qual sapato vou colocar. Que horas vou colocar o despertador para tocar. Vou colocar uma camisa verde ou vermelha. Esse tipo de escolha nós fazemos livremente, é o que a teologia chama de livre agência. As escolhas que estão inclusas no livre-arbítrio são as escolhas relacionadas a exercer plenamente e livremente o bem e a ter a capacidade de se aproximar de  Deus por nós mesmos. Essas só são possíveis de forma satisfatória (não plena e perfeita, pois perdemos o livre-arbítrio) com a atuação de Deus em nossa vida. Quando Deus atua em nossa vida passamos a ter  a possibilidade de sermos santos, de buscarmos e adoramos a Deus. Isso é uma capacidade que Deus nos dá. Porém, ela não indica que temos o livre-arbítrio, temos apenas a graça de Deus nos ajudando a vencermos nossa natureza pendida ao pecado e fazer a vontade do Pai.

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