Por que não fazemos mais a circuncisão? Onde na Bíblia mandou parar com ela?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você pergunta: Tenho uma dúvida que me intriga. Lendo na Bíblia a respeito da circuncisão, observo que Deus diz que aquilo deveria ser feito por estatuto perpétuo. Entendo que isso quer dizer que seja para sempre, não é? No entanto, hoje em dia não fazemos mais a circuncisão. Por que paramos de fazê-la? Existe algum texto na Bíblia que manda parar de fazer esse ritual, pode me mostrar onde está?

Caro leitor, essa é uma pergunta bem interessante que vai nos ajudar a esclarecer questões importantes sobre interpretação bíblica. Mas antes de qualquer coisa, se você não sabe exatamente o que era a circuncisão, leia nosso artigo clicando aqui neste link.

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Por que não fazemos mais a circuncisão?

(1) A Bíblia Sagrada contém uma revelação progressiva da vontade de Deus. Isso significa que durante cada época Deus foi trazendo ao Seu povo revelações adicionais a respeito das Suas leis e de Sua vontade, até que se chegasse à plenitude de Seu plano, que foi a vinda, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.

Isso explica a transição de várias leis que tiveram um tempo definido de duração ou mesmo que são cumpridas em sua essência, mas de forma diferente na nova aliança de Cristo.

(2) Sabemos que a circuncisão foi instituída antes da lei de Moisés no tempo de Abraão (Gênesis 17) e depois foi confirmada na lei de Moisés (Levítico 12:3).

Essa lei foi cumprida até mesmo pelo Senhor Jesus: “Completados oito dias para ser circuncidado o menino, deram-lhe o nome de JESUS, como lhe chamara o anjo, antes de ser concebido” (Lucas 2:21).

Mas o que teria mudado após a morte de Cristo? Por que não realizamos mais a circuncisão?

(3) A circuncisão era um sinal visível no corpo do circuncidado e que apontava para a aliança de Deus com Seu povo.

Não tinha nenhum valor místico ou algum poder em si mesma. Ela só era realmente válida se no coração da pessoa permanecesse a lei de Deus.

Esse sinal sofre uma mudança ordenada pelo Senhor Jesus Cristo, na nova aliança instituída por Ele através do sacrifício e vitória na cruz: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:19).

O “sinal” que agora seria realizado em todos aqueles que crescem era o batismo e não mais a circuncisão. Esse é o motivo principal que nos leva hoje a não mais fazermos a circuncisão, mas sim o batismo nas águas segundo as ordens do próprio Jesus.

(4) Essa mudança causou bastante dificuldade no início da igreja de Cristo, principalmente perante os judeus que se converteram e que estavam acostumados com a lei da circuncisão.

Paulo tratou diversas vezes desse tema, buscando esclarecer que a circuncisão era coisa da antiga aliança da Lei e não cabia mais no tempo da graça.

No tempo da graça, na nova aliança, a circuncisão era a “de coração”, ou seja, aquela em que a marca principal era a transformação da pessoa:

“Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Romanos 2:29).

(5) Dessa forma, as igrejas cristãs adotaram a ordem de Cristo de batizar ao invés de circuncidar e continuam aplicando o sinal do batismo em todos aqueles que professam a fé em Jesus Cristo.

Evidentemente, o batismo também é um sinal que só tem validade efetiva caso realmente o coração da pessoa esteja entregue totalmente ao Senhor, senão é apenas um sinal sem fundamento na vida da pessoa.

(6) Uma última observação interessante a ser feita é que algumas igrejas cristãs batizam crianças com base nessa transição da circuncisão para o batismo, pois a circuncisão era feita principalmente nas crianças (meninos) e significava não que a criança de oito dias tinha a capacidade de crer racionalmente, mas que a aliança de Deus com os pais era estendida também sobre os filhos e que, mais tarde, os filhos deveriam confirmar essa aliança através de suas decisões pessoais.

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