Sábado ou domingo? Qual dia a Bíblia manda guardar?
Você Pergunta: até hoje não consegui entender porque muitas igrejas guardam o domingo e não o sábado conforme está nos dez mandamentos. A Bíblia é clara a respeito do desejo de Deus de que guardemos o sétimo dia, o sábado do Senhor. Por que as igrejas atuais insistem em desobedecer esse mandamento? Existe uma explicação bíblica razoável para isso a não ser a desobediência às leis do Senhor?
Caro leitor, a questão da guarda do sábado sempre aparece nas discussões a respeito dos mandamentos de Deus. E geralmente são discussões bem acaloradas, diga-se de passagem!
Principalmente entre aqueles que são sabatistas, ou seja, que observam a guarda do sétimo dia tal qual era feito no Velho Testamento, do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado e, por isso, condenam aqueles que não fazem dessa forma.
No entanto, a Bíblia é uma revelação de Deus em sua completude e não apenas no Velho Testamento. Por isso, é muito importante avaliar a questão do sábado considerando toda a Bíblia, o que faremos a seguir:
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Devemos guardar o sábado ou o domingo?
(1) Não existe qualquer dúvida da importância do sábado na Bíblia. O próprio Deus o deu, mesmo antes da lei ser dada (Êxodo 16:23) e em sua lei moral, nos dez mandamentos, Ele o designou:
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro” (Ex 20:8-10).
Esse dia tinha como objetivos principais o descanso do trabalho diário e a adoração a Deus como o Senhor de todas as coisas.
(2) Esse dia era tão importante que por não guardá-lo o povo de Israel recebeu diversas maldições da lei em suas vidas:
“Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará” (Jeremias 17:27).
Isso demonstra a importância desse dia na lei de Deus e como quebrar a observação a esse dia era algo que desagradava extremamente ao Senhor.
O erro daqueles que condenam o domingo
(3) O grande erro daqueles que acusam os que guardam o domingo de estarem quebrando a lei de Deus, está em não considerar o que o Novo Testamento nos ensina sobre o sábado e sobre as leis do Velho Testamento que tiveram forma temporal em sua aplicação e formas.
Diversas leis tiveram aplicação temporal no Velho Testamento. Por exemplo, leis cerimoniais e judiciais que foram aplicadas apenas no Velho Testamento na nação de Israel.
Um exemplo claro disso era a lei que exigia que feiticeiros fossem mortos: “A feiticeira não deixarás viver” (Êxodo 22:18). Observe que ainda hoje Deus condena a feitiçaria, porém, a forma judicial disso ser tratado foi pontual para aquele momento.
Ou seja, hoje os cristãos não têm apoio da Bíblia para caçar feiticeiros e matá-los com base na lei de Deus. O princípio permanece (não ser feiticeiro e participar de feitiçarias), mas não a forma judicial de tratar a questão (matar a pessoa). Algo parecido aconteceu com o sábado e passa despercebido por muitos.
No Novo Testamento o objetivo do sábado é cumprido no primeiro dia da semana
(4) O sábado faz parte da lei moral de Deus, ou seja, aquelas leis que valem para todos os tempos. Porém, o que o Novo Testamento mantém sobre o sábado é o seu objetivo, seu propósito principal, a alma dessa lei dada por Deus.
E esses objetivos eram cumpridos pela igreja de Cristo em um novo dia, marcado pela nova aliança, o primeiro dia da semana, o dia em que Cristo ressuscitou, o domingo:
“No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite” (Atos 20:7).
Aqui temos um caso interessante, a cerca de 15 ou 20 anos após a morte de Cristo. Vemos aqui claramente que a igreja primitiva costumava se reunir no domingo e guardá-lo, inclusive com a prática da ceia do Senhor, orações, pregação e adoração a Deus.
Além deste, temos outros textos que também expressam essa realidade da igreja primitiva em sua guarda do domingo e não do sábado (1 Coríntios 16.2; Apocalipse 1.10).
Por que a igreja primitiva observava o domingo com o apoio dos apóstolos?
(5) A resposta a essa pergunta vem com o entendimento claro do objetivo de Deus sobre o mandamento do sábado. Em Êxodo 20:8 a palavra traduzida por “sábado” do hebraico “shabat” significa “descanso”.
Isso deixa claro em nossa mente que o texto ficaria mais ou menos assim: “lembra-te do dia de descanso para o santificar” (Êxodo 20:8).
No Antigo Testamento esse “dia de descanso” era o sétimo. Mas no Novo Testamento ele passa a ser o primeiro dia da semana conforme dissemos no ponto quatro.
Existe algum erro nisso? Evidentemente que não. O cerne do mandamento está preservado quando ele é obedecido em sua essência no domingo pelos cristãos.
(6) Evidentemente, muito debate ocorre hoje e também ocorreu no passado sobre o sábado. Muitos estão presos a detalhes desnecessários sobre ele ao passo que esquecem de seu espírito principal, da alma dele, do objetivo que o fez ser ordenado por Deus.
Isso ocorreu muito nos tempos de Jesus e foi veementemente condenado por Ele: “E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo, um homem?” (João 7:23).
Quando o espírito central da lei de Deus é substituído por detalhes sem fundamento que visam apenas colocar peso sobre as pessoas, a lei de Deus não cumpre seu objetivo na vida delas, razão pela qual Jesus condenou a atitude dos fariseus.
Resposta de Paulo a acusações sobre não guardar o sábado na igreja primitiva
(7) Na igreja primitiva esse tipo de acusação também ocorria por parte de pessoas que queriam impor certas leis que validariam a maturidade das pessoas, fato que fez com que Paulo trouxesse regras claras sobre a liberdade em Cristo em diversos aspectos da lei e também sobre o sábado:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Colossenses 2:16-17).
A observância de rituais cerimoniais da lei na igreja de Cristo é claramente rejeitada por Paulo, que não permite que os cristãos sejam julgados e censurados por diversos motivos, inclusive por causa dos “sábados”.
Paulo não estava rejeitando a guarda do objetivo do sábado aqui. Ele considerava que a forma como a igreja guardava o primeiro dia da semana estava de acordo com o objetivo do sábado e que não havia qualquer outra regra a acrescentar a essa prática, razão pela qual os cristãos não podiam ser julgados e condenados por ninguém quanto a isso.
(8) Dessa forma, fica muito claro nas escrituras e também na prática observada pela igreja primitiva nos anos seguintes, que o domingo era observado por eles e que o objetivo, o espírito da lei do sábado era cumprido plenamente e que deve continuar sendo observado (lembra-te) como um dia especial (santificado), onde nos dedicamos a adoração a Deus e ao descanso necessário das nossas atividades diárias.
Aqueles que se prendem aos detalhes legais do Antigo Testamento se perdem no objetivo do mandamento, assim como os fariseus fizeram, debatendo detalhes dispensáveis e esquecendo-se de usar esse dia para abençoar e serem abençoados, cumprindo a alma da lei do Senhor.
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