Por que os judeus não se davam com os samaritanos? Entenda essa história
Você pergunta: Em João 4:9, no encontro de Jesus com a mulher samaritana, temos o registro de que os judeus não se dão com os samaritanos. Por que existia essa briga tão grande entre eles. Gostaria de entender melhor de onde veio essa rixa tão severa ao ponto de uma separação tão grande.
Caro leitor, o apóstolo João realmente registra esse fato para explicar porque a mulher samaritana ficou impressionada de Jesus estar conversando com ela e ter pedido água a ela, vejamos:
“Então, lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4:9).
Vamos, então, entender um pouco sobre essa rixa tão antiga entre judeus e samaritanos.
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De onde surgiu a briga entre judeus e samaritanos?
(1) Para entender porque judeus não se davam com samaritanos precisamos voltar um pouco ao tempo em que Israel foi governada por reis. Lembremos que inicialmente Israel como um todo foi governada de forma unificada por Saul, depois por Davi, depois por Salomão.
Após a morte de Salomão Israel se dividiu em dois reinos, sendo, reino do Sul (governado por Roboão, filho de Salomão) e reino do Norte (governado por Jeroboão).
Para mais detalhes desse período da história leia 2 Reis 12 a 14. Seguiu-se, então, cada um dos reinos (Norte e Sul) tendo seus reis.
O reino do Norte, por violar as leis de Deus de forma frequente, tendo todos os seus reis malignos, foi entregue pelo Senhor para serem cativos (levados como escravos) do império da Assíria (2 Reis 17).
(2) O rei da Assíria, além de levar israelitas (reino do norte) para longe de Israel, trouxe moradores de seus reinos (Babilônia, Cuta, Hamate, Sefarvaim) e os instalou no reino do norte, mais especificamente na região de Samaria, capital do reino norte (2 Reis 17:24-28).
Em seguida, esses povos foram se unindo ao povo de Israel ali do reino do norte, povo este que não havia sido levado cativo, e em Samaria se instalou um culto misto, ou seja, se cultuava a Deus e também aos deuses dessas nações (2 Reis 17:29-41).
Já existia certa rixa entre reino do norte e reino do sul, mas aqui temos, podemos assim dizer, a origem dos judeus (moradores do reino do sul, de Judá) não se darem com os samaritanos (judeus misturados com outros povos e que habitavam o reino norte).
Os judeus viam os samaritanos como israelitas não puros devido a essa mistura não só de casamentos com pessoas de outras nações como desse culto misto.
(3) Mesmo depois que o reino sul também foi levado cativo pelo rei Nabucodonosor pelo mesmo motivo, ou seja, também quebraram a aliança com Deus (2 Reis 25), e depois voltaram desse cativeiro no tempo de Esdras e Neemias, o povo do reino sul (costumeiramente chamados de Judeus) permaneceram considerando samaritanos como cerimonialmente impuros, ou seja, que eles não podiam cultuar a Deus de forma correta segundo a lei de Deus.
Rejeitaram, portanto, qualquer aproximação. A rixa ficou ainda mais forte quando samaritanos resolveram construir o próprio templo de adoração no Monte Gerizim por volta do ano 400 a.C (Já que não eram aceitos no templo de Jerusalém, capital do reino sul).
Esse templo foi destruído em 108 a.C. por João Hircano, que era do grupo dos judeus. Por isso, judeus e samaritanos viviam de certa forma próximos, mas separados por certo ódio histórico que havia entre eles.
Judeus e samaritanos não se davam nos tempos de Jesus
(4) Nos tempos de Jesus essa separação permanecia, pois os religiosos “oficiais” de Jerusalém não aceitavam os samaritanos como judeus puros e criou-se uma tradição de que samaritanos tinham, por conta de sua história, uma impureza que os incapacitava de cultuar a Deus de forma correta.
Por isso, judeus tinham receio até mesmo de pedir favores a samaritanos para não se contaminarem e ficarem cerimonialmente impuros.
A questão era tão severa que nem mesmo utensílios eram compartilhados, fato que possivelmente foi o foco da surpresa da mulher samaritana quando Jesus, além de conversar com ela mesmo sendo ela mulher e samaritana (pois não era comum mestres conversarem com mulheres em público), ainda pediu a ela de beber, o que implicaria de Jesus compartilhar o jarro de água dela, o que era algo incomum para os judeus fazerem com relação a um samaritano, pois criam que ficariam impuros se fizessem isso.
(5) Agora que compreendemos mais profundamente a natureza do fato de judeus não se darem com samaritanos, conseguimos entender melhor a grandeza da atitude de Jesus, que não nutria preconceitos e julgamentos vazios sobre as pessoas.
Inclusive, Jesus usou os samaritanos em alguns de Seus ensinos para demonstrar que uma rixa histórica não podia ser motivo de rotular todos os samaritanos como impuros.
Isso ficou nítido, por exemplo, na parábola do bom samaritano, quando religiosos não praticaram o amor ao próximo enquanto o samaritano praticou.
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