Por que Deus mandou Balaão ir com os moabitas e depois ficou irado com ele?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Quando li a história de Balaão não entendi bem porque Deus manda Balaão ir com a comitiva dos moabitas e logo em seguida Deus fica irado. Ficou parecendo ali algo muito contraditório, pois se Deus mandou Balaão ir, a ira de Deus teria sido injusta, pois Balaão foi em obediência. Como explicar essa questão?

Caro leitor, a compreensão desse texto exige relembrarmos toda a história e ficarmos atentos nos detalhes, que nos fornecerão as informações para compreendermos porque Deus disse para Balaão ir e depois ficou irado com ele. Vejamos:

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Por que Deus ficou irado com Balaão?

(1) Balaque, rei dos moabitas, estava com muito medo da presença dos israelitas próximo ao seu território (Números 22:1-4). Como solução a isso ele lembra do nome de Balaão, um homem conhecido na região por ter certos “poderes”, por ser alguém que tinha contato com o sobrenatural.

Balaque queria que Balaão lançasse uma maldição que prejudicasse os israelitas (Números 22:5-6). Ao receber a proposta de certo valor para fazer encantamentos contra os israelitas, vinda de Balaque pelos mensageiros, Balaão decide consultar o Senhor.

E Deus lhe responde: “Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado” (Números 22:12). O que vai acontecer a seguir é importante para entendermos a atitude de Deus.

(2) Balaão, em inicial obediência, disse que não faria tal coisa, comunica isso aos mensageiros de Balaque, que retornam com a resposta ao rei dos moabitas (Números 22:13-14).

Mas Balaque não aceita a negativa e manda outros mensageiros mais nobres novamente a Balaão. Só que agora a proposta a Balaão é muito mais tentadora:

“os quais chegaram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Peço-te não te demores em vir a mim, porque grandemente te honrarei e farei tudo o que me disseres; vem, pois, rogo-te, amaldiçoa-me este povo” (Números 22:16-17).

Em outras palavras, a proposta era que Balaque daria a Balaão o que ele quisesse se esse trabalho fosse feito! O rei Balaque apelou para algo que derruba muitos homens: dinheiro e poder!

Apesar de inicialmente Balaão ter se mostrado fiel a Deus (Números 22:18), mesmo com essa grande proposta, resolveu novamente consultar a Deus, fingindo que já não sabia o que Deus havia dito sobre tal assunto:

“agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o SENHOR me dirá” (Números 22:19).

(3) O que temos aqui claramente é Balaão consultando a Deus uma segunda vez com um propósito manipulador, duvidando da primeira palavra de Deus!

Como se agora, com essa segunda proposta, Deus fosse mudar de ideia e permitir que o Seu povo fosse amaldiçoado. Como se Deus pudesse ser comprado por riquezas e honras humanas! É nesse contexto que Deus responde a Balaão:

“Veio, pois, o SENHOR a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens vieram chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser” (Números 22:20).

O que temos a partir de agora é Deus “dando corda”. Deus está permitindo que ele acompanhe a comitiva dos moabitas com objetivo de ensinar, de provar o coração de Balaão. Não temos aqui Deus concordando com Balaão amaldiçoar o Seu povo.

O que Deus esperava aqui é que Balaão compreendesse que Ele não estava de forma alguma concordando com sua Atitude, mas Balaão, de coração cegado pelas riquezas que receberia, não vê isso.

Não vê que Deus queria outra coisa dele. Balaão vê apenas as vantagens que receberia, já que Deus estava, aparentemente, “concordando” com ele ir.

(4) Balaão rapidamente vai com a comitiva dos moabitas, mas isso provoca a ira do Senhor: “Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele” (Números 22:22).

O coração maligno de Balaão agora iria receber uma forte lição de Deus, por meio da oposição que enfrentaria no caminho, que culminou com um agir sobrenatural do Senhor, quando a sua jumenta milagrosamente fala, o questiona e o ensina através da ação do Anjo do Senhor:

“Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é perverso diante de mim” (Números 22:32).

Na sequência da história, Balaão continua indo com esses homens até o rei dos moabitas, no entanto, ao invés de amaldiçoar (que era o esperado), Balaão abençoa o povo de Deus, o que, claro, irrita o rei de Moabe (Números 24:10-11).

(5) Toda essa narrativa demonstra que devemos ter cuidado com aquilo que move as nossas atitudes.

Atitudes movidas pela ganância, pelo orgulho, pelos maus propósitos do nosso coração fazem com que arrumemos jeitinhos de distorcer a vontade de Deus, o que, claro, irá nos trazer muitas dores, que Deus poderá permitir em muitos casos para nos ensinar.

O melhor sempre será obedecer com clareza as orientações de Deus, colocando nessa obediência um coração humilde e fiel.

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