O que era o Sinédrio citado na Bíblia e qual era a sua função?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Gostaria de entender melhor o que era o Sinédrio na Bíblia. Já li algumas vezes aparecer citações a esse Sinédrio nos evangelhos, mas não sei muito bem do que se trata com todos os detalhes. Poderia criar um estudo explicando melhor?

Caro leitor, uma das mais importantes regras de interpretação da Bíblia é investir no conhecimento dos aspectos culturais e de como era a sociedade sobre o qual estamos lendo na época em que ela está sendo estudada.

Sendo assim, sua pergunta é muito importante para entendermos o papel do Sinédrio em sua época de atuação e assim entendermos também melhor os relatos bíblicos.

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O que era o Sinédrio na Bíblia?

(1) A primeira menção do Sinédrio na Bíblia ocorre em Mateus 26:59: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte”.

A palavra Sinédrio vem do grego “sunedrion” e nesse contexto era um concílio (um tipo de tribunal) que existia em Jerusalém.

Esse concílio era composto por 71 membros que faziam as deliberações de temas referentes principalmente às questões religiosas e da Lei de Moisés.

Faziam parte desse grupo os sumo-sacerdotes (antigos e atuais), escribas (professores da lei), pessoas de destaque na sociedade judaica, anciãos (pessoas de mais idade).

Aqui temos de ter em mente que apesar dos romanos serem o império dominador de toda essa região, eles permitiam que o povo exercesse certas atividades culturais e religiosas de sua tradição com certa liberdade.

Isso explica porque a existência do Sinédrio era permitida dentro do império romano. Roma permita que Israel tivesse suas próprias autoridades, claro, prestando contas ao Império!

As funções do Sinédrio

(2) O Sinédrio, então, tinha o poder de julgar diversas questões locais com autorização de Roma. Ele funcionava com um tribunal (principalmente no julgamento de causas religiosas dos judeus).

O Sinédrio podia sentenciar pessoas à morte se julgasse conveniente, porém, a execução dessa sentença só era permitida se fosse validada pelas autoridades romanas.

Daí eles levarem Jesus a Pôncio Pilatos: “Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; e, amarrando-o, levaram-no e o entregaram ao governador Pilatos” (Mateus 27:1-2).

Mas temos alguns casos em que o Sinédrio tinha o poder dado por Roma também para executar a pena capital, como no caso da morte de Estevão (Atos 7:59). Mas não sabemos ao certo como eram essas regras.

(3) O Sinédrio, sendo a mais alta corte religiosa dos judeus, comumente julgava na sua maioria crimes de menor potencial, ofensas à Lei de Deus (Antigo Testamento) e pronunciava penas menores com o objetivo de punição dos autores, manter a ordem e cumprimento das leis judaicas.

Por exemplo, os apóstolos foram perseguidos pelo Sinédrio e receberam penalidades deles: “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os soltaram” (Atos 5:40).

A narrativa dos evangelhos nos mostra um Sinédrio bastante corrupto e distante da aplicação justa da vontade de Deus.

Vemos isso claramente, por exemplo, nas prisões injustas dos apóstolos, violência contra eles e até a não observação de processos legais que a lei exigia, como no caso dos interrogatórios noturnos quando da prisão de Jesus Cristo.

Porém, o Senhor também provocou conversões dentro do Sinédrio. Como no caso de José de Arimatéia: “vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (Marcos 15:43).

Por toda essa corrupção, o Sinédrio passou a ser visto de uma forma muito negativa, como um antro de corrupção e de líderes desviados da vontade do Senhor.

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