O que significa realmente amar os inimigos na Bíblia?
Você pergunta: Eu tenho um pouco de dificuldade de entender o que significa amar os inimigos na Bíblia. Parece-me uma utopia muito grande entender que possamos, enquanto humanos que somos, ter afeição por quem nos faz maldades. Será que Deus nos dá algum poder sobrenatural para conseguirmos fazer isso? Pois amar os inimigos, humanamente falando, parece-me quase que impossível.
Caro leitor, o ensino dado por Cristo sobre amar os inimigos é um ensino de grande profundidade e causa muita confusão, pois precisa ser compreendido com a profundidade que ele exige.
Vamos entender no estudo de hoje o real significado desse ensino e como exercer essa ordem de Cristo de forma prática no dia a dia.
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O que significa realmente amar os inimigos na Bíblia?
(1) Jesus começa a tratar desse tema dizendo: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” (Mateus 5:43). Nessa seção que começa em Mateus 5:17 Jesus está tratando a forma como a Lei era observada e demonstrando o erro daqueles que observavam a Lei de forma incoerente.
Por exemplo, nessa citação em Mateus 5:43 temos uma citação de Levítico 19:18,34 que fala do amor ao próximo. Mas não existe nessa Lei uma ordem para odiar o inimigo.
Esse acréscimo de Jesus certamente atinge uma ideia popular e praticada de que se é inimigo merece o ódio, não merece o amor. Ou seja, o inimigo não é meu próximo para ser amado! É aqui que Jesus começa a tratar o erro da ideia.
(2) Jesus traz, então, o ensino: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44). A palavra “amai” é a palavra grega “agapao”.
É preciso compreender que no grego temos várias palavras para designar amor (pelo menos três principais).
Não vou explicar em detalhes cada uma delas, mas quero fazer uma pontuação interessante aqui: geralmente quando se quer passar a ideia de um amor mais afetuoso, de amizade, amor de pai e mãe, de família, de irmãos, se usa a palavra grega “phileo”.
Veja, por exemplo, em João 11:3, onde se fala do amor afetuoso de Jesus para com Lázaro.
Já “agapao”, que foi usada para falar do amor aos inimigos, é uma palavra que descreve um amor mais de consideração, de ter reverência, respeito, alguma admiração. Mas o que isso nos indica?
(3) Fica muito claro que essa escolha pela palavra “agapao”, que descreve o tipo de amor a ser exercitado pelos inimigos, é precisa para mostrar que tipo de amor Jesus quer que demonstremos aos inimigos.
Mas pensemos antes no que NÃO seria esse amor: Jesus não está falando de ter algum tipo de afeto amoroso para com quem nos fez o mal.
Não está falando também de que forcemos alguma convivência (mesmo com falsidade) com esse inimigo, forçando ter um afeto que não existe.
Nem está dizendo que devemos aceitar as maldades de um inimigo em nome do amor. Mas do que Jesus está tratando, então? O significado real de amar os inimigos na Bíblia está na retribuição positiva (com base no amor e não no que a pessoa te fez).
(4) Observe que no mesmo texto Jesus diz “orai pelos que vos perseguem”. Isso significa a atitude de retribuição que eu tenho perante o meu inimigo Deve ser uma retribuição com base no amor.
Eu sei que ele me fez mal, mas eu lhe retribuo com o bem. É a esse exercício de amor (agapao) que Jesus está se referindo. Eu sei que o inimigo me provocou o mal, mas eu lhe considero um objeto da minha bondade, eu o perdoou, ainda que tenha me causado dor.
Eu o abençoou com minhas orações e praticando o bem sempre que ele precisar de mim! A Bíblia amplia muito esse conceito em outros texto, veja: “Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Romanos 12:20).
Quando você faz isso (retribuição positiva) a um inimigo, não fica claro que você está escolhendo exercitar amor a ele ao invés de odiá-lo?
(5) Dessa forma, você não precisa “morar” com seu inimigo, nem ter um relacionamento próximo e afetuoso com essa pessoa. Não precisa fazer declarações de amor a ela. Não é isso que Jesus exige de nós.
Mas Jesus nos manda retribuir com o bem, desde de dentro de nossos corações (orai pelos que vos perseguem) até nas nossas ações (Romanos 12:20).
Isso demonstra nosso perdão e nossa alta capacidade de domínio próprio e de outros Fruto do Espírito. É por isso que Jesus termina dizendo: “para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste…” (Mateus 5:45).
Essa é a atitude esperada dos filhos de Deus! É um fruto que mostra que nós somos servos do Deus vivo!
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