O Anjo Gabriel adorou Maria dizendo “Ave Maria” em Lucas 1:26-38?
Você Pergunta: Vi um vídeo de uma moça na internet, explicando que a oração feita a Maria pelos católicos está na Bíblia. Que Maria foi louvada pelo anjo Gabriel, que ele diz a ela “Ave Maria”, que era uma expressão de louvor. Gostaria de entender melhor essa questão. Isso está correto ou ela distorceu a Bíblia?
Quando falamos sobre Maria, existem dois extremos que acho bem prejudiciais: O primeiro é simplesmente menosprezar a importância de Maria na história. O segundo é colocá-la em um patamar que a Bíblia não a coloca.
Dizer que o anjo Gabriel adorou Maria de alguma forma, de fato, é um extremo que não tem base bíblica por alguns motivos que vou expor na sequência:
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O Anjo Gabriel adorou Maria?
(1) É verdade que Gabriel foi enviado por Deus para trazer a notícia do nascimento do Senhor Jesus a Maria e fez elogios a ela, com palavras muito bonitas. Ele começa dizendo:
“E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo”” (Lucas 1:28).
Aqui começa o primeiro problema. Quando o anjo diz “alegra-te”, temos ali a palavra grega “chairo”, que significa nesse contexto “regozijar-se, estar contente”.
Mas na tradução católica, eles traduzem assim: “Entrando, o anjo disse-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”” (Lucas 1:28 – Bíblia Ave Maria). A palavra “Ave” é uma palavra em latim, que era usada para saudar alguém.
Em certo sentido é bem parecida em significado com a palavra “chairo” no grego, porém, o imperador amava essa saudação como uma forma de louvor a ele! E essa palavra era muito usada nesse sentido. Todos lembramos da famosa expressão “Ave, César”, que o imperador amava!
Isso leva leitores a errar achando que Maria teria sido louvada, adorada ali pelo anjo, o que é um erro. O anjo estava apenas chamando Maria a entender a alegria de ser escolhida para realizar a obra de Deus e que o Senhor era com Ela!
(2) Maria demonstra dificuldade (natural) de compreender o que significa aquilo tudo naquele momento. O texto explica isso da seguinte forma:
“Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação” (Lucas 1:29).
O anjo Gabriel dá sequência em sua comunicação, dizendo: “Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus” (Lucas 1:30).
O que temos aqui é que Maria era uma serva do Senhor verdadeira. O termo “achaste graça” também foi usado quando Deus falou sobre Noé em Gênesis 6:8, escolhendo-o para a construção da arca. Significa que eram servos verdadeiros de Deus, escolhidos pelo Senhor para uma missão especial.
Ou seja, até aqui já observamos que não existe qualquer louvor do anjo à Maria. Mas sim uma comunicação de Deus, através do anjo, a uma serva do Senhor. Assim como já ocorreu com diversos outros servos do Senhor (como Noé, por exemplo).
(3) Na sequência, o anjo Gabriel foca totalmente suas palavras em explicar a gravidez e demonstrar que Maria ficaria grávida do Salvador, e tudo isso pelo poder do Senhor que estaria sobre ela para realizar esse “impossível” humanamente falando (Lucas 1:35-37)!
Conforme podemos perceber nunca foi intenção do anjo proferir palavras de adoração à Maria. Ele reconhece que ela era serva de Deus, mas foca toda a atenção em Cristo. A mensagem do anjo era cristocêntrica!
Mas e quando se diz na Bíblia que Maria é “bendita entre as mulheres”?
(4) Essa frase não foi dita pelo anjo, mas por Isabel, claro, inspirada pelo Espírito Santo: “E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!” (Lucas 1:42).
Quando o texto afirma que Maria era bendita entre as mulheres, evidentemente, destaca o grande papel dela na história da redenção, sendo mãe do Salvador. Isso não pode ser nunca esquecido.
Porém, o texto faz um destaque a ela por ela ter sido escolhida para essa missão e por estar totalmente disposta a realizá-la como serva do Senhor que ela era!
Não temos no texto a intenção de elevar Maria a um patamar de alguém a ser louvada no mesmo nível do próprio Jesus ou do próprio Deus.
A própria Maria percebe essa realidade e ela mesma diz em seu cântico: “Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:46-47).
Maria declara-se pecadora, necessitada também do Salvador (e de salvação). Ela fala com humildade, com clareza de serva, chamando Deus de “Senhor” (Kurios no grego), ou seja, dono dela.
Ela não se engrandece em uma posição superior à de outros servos do Senhor! Ao contrário, coloca-se como todo pecador que necessitava de seu Senhor e Salvador!
Se Maria estivesse viva hoje, nunca aceitaria qualquer adoração! Quiçá uma oração feita a ela! Ela, sendo serva do Deus altíssimo, nunca aceitaria uma reza direcionada a ela. Como no cântico dela, ela direcionaria toda honra a Jesus Cristo, o Salvador!
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