A BÍBLIA É CRUEL: Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra (Salmos 137:9)

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Estava lendo o Salmos 137 e fiquei abismada com um verso descrito ali, que dizia que feliz é a pessoa que pegar os filhos de outra e esmagá-los contra uma pedra! Não entendi nada! Deus aprova esse tipo de coisa, já que a Bíblia prega o amor ao próximo?

Cara leitora, esse verso do Salmos 137, de fato, é bastante pesado. No entanto, ele tem uma razão de estar ali e está dentro de um contexto!

Evidentemente ele não está isolado como uma mensagem de incentivo a matar filhos de pessoas! Então, vamos entendê-lo em detalhes e saber qual a mensagem que temos ali, dentro do contexto em que foi escrito.

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Salmos pedindo o mal dos inimigos (imprecatórios)

(1) O verso diz o seguinte: “Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra” (Salmos 137:9).

Esse tipo de texto bíblico, onde vemos pessoas desejando mal dos inimigos e até mesmo uma ação de Deus trazendo males aos inimigos, é chamado de Salmos imprecatórios. Vamos entender primeiro isso, depois entender a mensagem central do Salmos 137:9!

Nesse tempo ainda não se tinha uma visão total da revelação de Deus, de que Deus daria um final a essa história humana e julgaria todas as pessoas! Sabemos isso hoje devido à revelação completa que temos na Bíblia, principalmente no Novo Testamento.

Por isso, acreditava-se fortemente nas épocas dos salmistas que a justiça de Deus deveria ser vista aqui na terra, de forma clara, e isso era indicativo de que Deus estava promovendo justiça!

Inclusive, essa justiça de Deus não estava baseada em um desejo de vingança pessoal, mas na honra do nome de Deus: “Mas tu, Soberano Senhor, intervém em meu favor, por causa do teu nome. Livra-me, pois é sublime o teu amor leal!” (Salmos 109:21 – NVI).

Então, se o povo de Deus era honrado, o nome de Deus era honrado! Daí o forte desejo de ver Deus agindo no presente e muitas orações dos salmistas pedindo isso!

(2) Outra coisa a se considerar é a forma da escrita. Temos nos salmos muita linguagem figurada e hipérboles (figura que usa exageros para passar uma mensagem).

Vejamos um exemplo desse tipo de linguagem: “Alegrar-se-á o justo quando vir a vingança; banhará os pés no sangue do ímpio. Então, se dirá: Na verdade, há recompensa para o justo; há um Deus, com efeito, que julga na terra” (Salmos 58:10-11).

Veja que a linguagem do salmos é carregada de figuras para demonstrar uma vitória massacrante, plena, total sobre o mal, a fim de exaltar o nome de Deus! O salmista usa uma figura de uma guerra onde o inimigo foi destruído totalmente!

Agora vamos entender o Salmos 137:9 sobre filhos esmagados na pedra…

(3) O Salmos 137 tem como pano de fundo o exílio babilônico. Ou seja, quando Jerusalém foi destruída e o povo foi levado como escravos pelo rei Nabucodonosor. O salmista mostra isso no começo:

“Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião” (Salmos 137:1).

Apesar de sabermos que o povo de Judá se desviou do Senhor e recebeu esse castigo das mãos Dele, sabemos também que a Babilônia não era “flor-que-se-cheire”, era extremamente maldosa e maligna!

É por isso que o povo, em meio a essa grande ansiedade, lembra-se dos inimigos e pedem que Deus faça também justiça para com eles:

“Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste” (Salmos 137:8).

Observe que o contexto é de guerra! E em um contexto de guerra, ou eu saio vivo ou o inimigo sai vivo! Então, é preciso entender esse tipo de desejo dentro desse contexto! É um desejo legítimo!

Se um ladrão invadisse agora sua casa e você precisasse se defender para salvar a sua vida e a de seus filhos, certamente que não trataria o ladrão dando-lhe rosas, não é mesmo? Você e eu lançaríamos todos os recursos para nossa legítima defesa!

(4) Assim, esse é o foco do salmista aqui. Se o inimigo fosse de todo eliminado, então, isso representaria a eles o direito à vida e a viver em paz, livres. É aqui, nesse contexto, que ele deseja:

“Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra” (Salmos 137:9).

Por que esse pensamento? É simples! Em um contexto de guerra, os filhos de um inimigo representavam uma possível vingança futura!

Por isso, a destruição total de um inimigo perigoso é o que representava a paz duradoura nesse contexto, claro, na visão humana.

Imagine que apareça em sua casa um escorpião. E você descobre que esse escorpião deu à luz 5 filhotes que estão espalhados pela casa.

Faz sentido eliminar somente esse escorpião? Certamente que não! Certamente você irá caçar esses filhotes, pois terá maior paz se eles forem todos encontrados e retirados dali!

Evidentemente que um pensamento desse (um desejo de destruição total de inimigos) não se sustenta fora do contexto cruel e doloroso da guerra! Em uma situação comum ninguém irá ter um desejo desse tipo que seja aceitável!

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