Por que algumas igrejas evangélicas batizam crianças e outras não?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Eu sou de uma igreja que não batiza crianças; os pais apenas as apresentam, mas sem batizá-las. No entanto, neste final de semana, fui visitar a igreja de uma amiga e lá teve batismo infantil. Confesso que fiquei confusa. Como uma criança é batizada se ela não tem condições de crer? Pode me explicar por que algumas igrejas batizam crianças e outras não?

Cara leitora, dentro do segmento evangélico ou protestante, como queira, existe uma diferença de pensamento no que se refere à forma como as crianças fazem parte da família da fé. E essa diferença, basicamente, gira em torno do batismo.

Por isso, irei expor abaixo as duas visões para que fique claro como cada um pensa, a fim de que você, estudante, possa, então, formar seu juízo sobre isso.

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Batizar crianças não é bíblico

O grupo que não batiza as crianças pequenas entende que o batismo é somente para quem pode crer e fazer uma opção consciente de se batizar. A base mais forte desse pensamento é a ordem de Jesus:

“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16:16).

Esse verso, pensa esse grupo, indica que uma criança não pode ser batizada porque ainda não tem razão suficiente para crer.

Além desse argumento, ainda soma-se a esse pensamento que não temos nenhum exemplo bíblico de batismo de crianças no Novo Testamento, o que para esse grupo é indicativo também de que o batismo infantil não é uma ordenança da Palavra.

Sendo assim, esse grupo não faz batismo infantil. Porém, geralmente faz uma apresentação das crianças, em uma espécie de consagração, mas sem batismo.

Batizar crianças é sim bíblico

O grupo que batiza crianças o faz principalmente focado na aliança que Deus faz com um povo e não apenas com indivíduos. Nesse sentido, observando o chamado de Abraão, observa-se que Deus ordenou que crianças fossem circuncidadas:

“O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe” (Gênesis 17:12).

Aqui esse grupo questiona: As crianças da circuncisão podiam crer com oito dias de vida? Evidente que não. Logo, é um sinal que as incluía na aliança por causa da fé dos pais, que tinham a responsabilidade de ensiná-las e, tão logo tivessem razão, deveriam seguir os caminhos do Senhor por escolha própria.

Nesse sentido, a ideia aqui é que a criança não ficaria fora da aliança e depois, quando crescesse, escolheria entrar na aliança, mas da criança estar dentro da aliança e, quando crescesse, se quisesse, sairia dela!

Mas e o texto de Marcos 16:16, que fala de crer e ser batizado? A isso esse grupo responde que ali o contexto é de evangelização dos adultos (não crentes). Marcos não está falando do contexto de pais convertidos que tinham filhos e queriam que esses filhos fizessem parte da aliança.

A Bíblia mostra algum batismo de crianças?

O grupo contrário ao batismo infantil diz que não. E, de fato, não existe uma citação direta de nenhum caso onde uma criança é batizada. Porém, o segundo grupo aponta que existem casos em que isso fica subentendido.

Por exemplo, em Atos dos apóstolos o texto fala sobre Lídia. Ali cita que ela era vendedora de púrpura, o que sugere que ela possivelmente não tinha marido vivo e nem filhos grandes, pois, culturalmente, se tivesse, certamente que ela não estaria nessa posição de trabalhar “fora”. O texto diz:

“Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isso” (Atos 16:15).

Outro caso muito debatido é o do batismo do carcereiro. O texto bíblico também fala de um batismo mais abrangente, o que parece favorecer a ideia do batismo inclusive das crianças, por causa da fé dos pais:

“Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os seus” (Atos 16:33).

O que eu penso sobre isso?

Com toda sinceridade, basicamente todas as igrejas têm a intenção de incluir as crianças na aliança com Deus. Algumas “apresentam” as crianças à igreja, em um ato de consagrá-las a Deus, o que parece também um ato simbólico semelhante ao batismo, já que elas não podem crer ali, não é mesmo?

Além disso, também não temos ordenanças para apresentar crianças na igreja, não é mesmo?

Outras igrejas entendem que o batismo infantil é o símbolo que substitui a circuncisão e que as crianças devem ser incluídas na aliança dessa forma!

No final das contas, penso que os pais crentes devem assumir sua responsabilidade de conduzir seus filhos nos caminhos do Senhor, com eles participando ativamente da vida cristã, conduzidos pelos pais. Se no futuro quiserem sair, que saiam sabendo e por escolha própria, mas com as sementes da Palavra lançadas em seus corações!

Muito melhor é esse cenário do que simplesmente “deixar” as crianças “à vontade” delas para que decidam depois se querem fazer parte do povo de Deus! Certamente que uma criança sem instrução terá tendência muito maior de se manter no caminho maligno, o que nenhum pai crente deseja em seu coração!

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