O cristão deve tratar pessoas trans pelo gênero que elas escolherem? O que a Bíblia diz?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Como cristão, devo chamar uma pessoa trans pelo gênero com o qual ela se identifica, como “ela” ou “ele”, de acordo com sua escolha e não seu gênero biológico? Alguém me disse que devo respeitar a decisão da pessoa e chamá-la pelo pronome que ela prefere, como “ela”, por exemplo, mesmo sendo a pessoa um homem. Isso está de acordo com os princípios da Bíblia?

Caro leitor, o cristão deve ter muita sabedoria na forma como se comporta em meio a esse mundo decaído. Não somente para não se conformar a ele, como também para ser sal e luz, como Jesus ensinou.

Com o avanço das liberdades sexuais de todo tipo, hoje é muito comum em nosso país que tenhamos convívio com pessoas que nasceram com um gênero, porém vivem como se fosse de outro gênero.

Por exemplo, dias atrás estive em uma lanchonete, e a pessoa que atendia tinha claramente porte de homem, porém estava vestida como uma mulher. Nesse tipo de caso, muitos cristãos ficam perdidos em como tratar uma pessoa que se apresenta dessa forma:

Falo a verdade na cara ou trato a pessoa como ela deseja ser tratada, conforme ela se apresenta?

Por tudo isso, gostaria de trazer orientações que, penso eu, ajudarão o cristão a transitar com sabedoria em meio a essas loucuras que temos visto em nosso mundo.

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Como um cristão deve tratar uma pessoa trans?

(1) Como crentes, sabemos que vivemos em um mundo caído, cheio de práticas que desagradam a Deus. E isso não somente na área da sexualidade, mas em todas as áreas da existência humana!

Mas isso não deve fazer de nós pessoas mal educadas e que saem por aí o tempo todo apontando o dedo na cara dos outros.

Quando o apóstolo Paulo esteve em Atenas, ele ficou abismado com o que viu ali: “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade” (Atos 17:16).

Mas ele não saiu chutando tudo, gritando com as pessoas, enfim, fazendo um estardalhaço por conta disso. Veja como ele foi educado e sábio, respeitando as pessoas dali, mas expondo também o evangelho:

“Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio” (Atos 17:22-23).

(2) Diante desse modelo de comportamento, penso que não haja necessidade do cristão entrar em uma guerra com uma pessoa trans por conta do nome dela ou do pronome com que ela prefere ser chamada.

Um parênteses importante: Veja, estou falando aqui do contexto de relações pessoais, de interações sociais. Daqui a pouco falarei sobre a questão da “agenda de imposições de alguns grupos”. Nesse outro contexto, nossa ação é outra.

Quando um cristão age dessa forma briguenta, apenas fecha portas que poderiam estar abertas para que o evangelho seja proclamado em momento oportuno.

Imagine Paulo chegando logo de início diante dos atenienses e dizendo que eles eram uns idólatras sem-vergonhas que adoravam falsos deuses! O que aconteceria?

Então, nas interações sociais, eu trato sempre as pessoas pelo seu nome, com respeito, independente de quem elas são ou acham que são!

No caso de uma pessoa trans cruzar meu caminho, não vou ficar investigando a vida dela, vou tratá-la com respeito baseado no que ela se apresenta ser. Se se apresentar como João, tratarei como João. Se se apresentar como Maria, a tratarei como Maria.

Evidentemente que esse encontro pode ser algo feito por Deus para que eu ore pela vida dela ou até evangelize em algum momento, a fim de que essa pessoa seja transformada. O cristão verdadeiro não ficará alheio à terrível realidade que essa pessoa vive!

Porém, o cristão deve ser sábio sobre qual é o momento certo de expor o evangelho e tomar cuidado para não fechar uma porta que deveria estar aberta.

(3) Sendo assim, a meu ver o cristão não peca em tratar as pessoas com respeito e consideração e, sobretudo, com sabedoria.

Ser respeitoso e amoroso é uma das formas de abrir portas para falar de assuntos mais difíceis em um momento apropriado.

O cristão certamente saberá o momento certo de tratar a questão da homossexualidade ou outras questões relacionadas à sexualidade com sabedoria vinda de Deus.

E, claro, talvez não seja nem você a pessoa mais ideal para tratar isso com a pessoa. Então, tente agir com respeito e consideração para não fechar uma porta que precisa estar aberta. Como ensinou o apóstolo Pedro, é preciso ser honroso com a dignidade humana de cada um:

Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1 Pedro 2:17).

(4) Antes de fechar o tema, gostaria de esclarecer que o tratamento pessoal que temos com indivíduos não significa que devemos aceitar imposições como, por exemplo, o desejo de mudar a língua portuguesa com a adoção dos famosos pronomes neutros “todes”, “ile” ou “elus” e coisas do tipo.

E nem que devamos aceitar calados imposição de ensino de ideologia de gênero nas escolas sem protestar. Uma coisa é o tratamento pessoal, no âmbito particular e social. Outra é a imposição de questões que, como cidadãos e servos de Deus, temos o direito de discordar e nos manifestar contrários, ainda que fira a opinião de muitos.

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