O que era o ano do jubileu descrito na Bíblia? Ainda vale para hoje?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Em um de meus estudos da Bíblia li a respeito do ano do jubileu, mas não entendi bem como funcionava essa lei do Antigo Testamento, pois parece que tinha que devolver terras, soltar escravos e coisas desse tipo. Gostaria de saber mais detalhes sobre ela e se hoje em dia ela deve ser praticada por nós. Pode me ajudar a entender com mais detalhes essa questão?

Caro leitor, quando estudamos as leis que Deus deu no Antigo Testamento nos deparamos com leis bem interessantes e diferentes do que estamos acostumados em nosso mundo moderno.

Por isso, para compreender essas leis dadas por Deus, precisamos analisar sempre à luz da época em que foram dadas e pensando no propósito de Deus com aquela lei naquele determinado momento. Vejamos:

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O que era o ano do jubileu?

(1) Deus deu diversas leis ao seu povo (Israel) que tinham dentre vários objetivos, um especial, que era o de distingui-los dos outros povos, ou seja, fazer deles um povo diferenciado em suas práticas e em sua adoração a Deus.

E uma dessas leis que tinha esse claro objetivo era a lei que organizava o ano do jubileu. Nós podemos encontrar a referência completa e detalhada sobre essa lei em Levítico 25:8-11; Levítico 27:17-24 e em Números 36:4.

Vamos agora tratar dos principais detalhes dessa importante lei do ano do jubileu.

(2) O ano do jubileu acontecia de 50 em 50 anos: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos” (Levítico 25:8).

Ou seja, sempre no quinquagésimo ano. Os principais objetivos desse ano especial separado por Deus era que o povo vivesse um ano de libertação, restauração, fé e consagração ao Senhor através de diversas práticas que deveriam ser observadas nesse ano.

Eram práticas que deveriam ocorrer na sociedade e na vida de indivíduos. Vejamos algumas delas:

Detalhes sobre as exigências no ano do jubileu:

(3) Podemos perceber claramente em todas as exigências de Deus uma forte e clara intenção de mostrar ao povo que a terra era Dele, que Ele a havia dado como dádiva ao Seu povo.

Isso, claro, exigia que aproveitadores não fossem beneficiados, que houvesse respeito pela terra e pelo direito de todos de usufruir dela de alguma forma, inclusive os escravos.

Levítico 25:13 – As pessoas deviam voltar as suas possessões iniciais: Deus havia dado a terra prometida e repartido entre as tribos de Israel.

Transações comerciais aconteciam e vendas de terras eram comuns, mas no ano do jubileu tudo deveria voltar aos primeiros donos.

Com isso Deus barrava especulações no acúmulo de terras feitas por pessoas que tinham o objetivo de explorar e acumular patrimônio indefinidamente, até mesmo explorando pessoas.

Assim, o preço das transações deveria obedecer ao tanto de anos que ainda faltava para chegar o ano do jubileu. Se faltasse muito, o preço seria mais caro, se faltasse pouco, mais barato (Levítico 25:14-17).

Levítico 25:20-22 – A terra não podia ser semeada: No ano do jubileu era proibido semear a terra. A terra deveria descansar. Era uma espécie de sábado para a terra.

O sustento das pessoas viria de uma colheita superior dada por Deus no ano anterior e o povo deveria crer que Deus o sustentaria, daí esse ano ser um ano de exercício da fé na provisão de Deus: ”Então, eu vos darei a minha bênção no sexto ano, para que dê fruto por três anos” (Levítico 25:21).

Levítico 25:23-24 – A terra não podia ser vendida como propriedade perpétua: as transações envolvendo terras deveriam obedecer à lei do jubileu, isso significa que uma pessoa que vendesse uma terra não poderia vendê-la eternamente a outra pessoa.

A venda valia sempre até o ano do jubileu, quando deveria voltar ao primeiro dono. Deus explica essa lei dizendo que a terra é Dele.

Levítico 25:29-31 – Propriedades em cidades muradas não entravam no ano do jubileu: A lei do jubileu parece ser aplicada a terras não muradas (campos).

Aqui temos uma orientação de que se a venda de uma casa dentro de uma cidade murada acontecesse, a pessoa tinha até 1 ano para resgatar essa propriedade, comprando-a de volta.

Caso isso não ocorresse, ela seria de propriedade perpétua do comprador, ou seja, ela não entrava na lei do jubileu: “Se, passando-se-lhe um ano, não for resgatada, então, a casa que estiver na cidade que tem muro ficará em perpetuidade ao que a comprou, pelas suas gerações; não sairá do poder dele no Jubileu” (Levítico 25:30).

Levítico 25:32-33 – Os levitas tinham um direito especial, uma exceção à regra: Os levitas tinham certo número de cidades dentro das terras das outras tribos.

Eles tinham o direito de vender alguma de suas posses por algum motivo que achassem importante e de resgatá-las mais tarde pagando o preço ao comprador.

Mas no ano do jubileu tudo deveria voltar às mãos dos levitas, mesmo casas nas cidades muradas e campos.

(4) Além dessas regras referentes às terras, temos também ordenanças para que escravos fossem libertos no ano do jubileu e que pessoas que tinham dívidas impagáveis e que tinham dado a si mesmas e até as suas famílias para trabalhar para o pagamento dessas dívidas, só poderiam exercer esse trabalho até o ano do jubileu, quando seriam soltas e livres da dívida (Levítico 25:39-54).

Com isso Deus estabelece uma proteção contra aproveitadores que pudessem manipular dívidas e fazer as pessoas escravas até o fim da vida.

Com isso, esse ano seria um ano especial em Israel, ano de restauração, de libertação, de fé e muitas outras coisas que Deus queria provocar nessa nação.

(5) Por fim, concluo que essa parece ter sido uma das leis que não foram observadas e obedecidas pelo povo de Israel, uma das razões pelas quais o povo de Israel acabou indo para o exílio.

Hoje em dia esse tipo de lei não se aplica a nós, pois era uma lei claramente pontual e exclusiva para os tempos de Israel, quando se existia a possibilidade de obedecer essa lei de fato.

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