Porque Deus amaldiçoava gerações futuras que não tinham culpa de nada?
Você pergunta: Fico muito intrigado ao ver alguns versículos onde Deus como que amaldiçoa gerações futuras de pessoas que nem tinham nascido ainda. Por exemplo, em Êxodo 20:5. Como podemos explicar isso? Essas pessoas não tinham livre-arbítrio para fazerem o bem? Estavam amaldiçoadas por Deus sem qualquer esperança de serem abençoadas? Ajude-me a entender essa questão!
Caro leitor, realmente temos alguns textos bíblicos onde Deus fala sobre maldições sobre gerações futuras, no entanto, esses textos são mal compreendidos e precisam ser estudados com carinho para que se entenda o que de fato Deus quis comunicar ali. Vamos fazer isso agora?
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Deus amaldiçoava gerações futuras que não tinham culpa de nada?
(1) Um dos textos que fala sobre maldições de Deus e que é também um dos mais mal compreendidos é Êxodo 20:5: “Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”.
Alguns leem esse texto e entendem que por causa do pecado dos pais Deus castiga os filhos até a terceira geração. Isso, inclusive, era um entendimento que havia até entre muitos judeus da época bíblica:
“Por que será que na terra de Israel o povo vive repetindo o ditado que diz: “Os pais comeram uvas verdes, mas foram os dentes dos filhos que ficaram ásperos”?” (Ezequiel 18:2 – NTLH).
Observe que existia até um ditado popular em Israel que dizia exatamente que os filhos recebiam punição de Deus por causa dos pecados dos pais.
(2) No entanto, esse entendimento está incorreto. Deus não amaldiçoa gerações por causa do pecado de um antepassado, ou seja, Deus não faz outras pessoas culpadas por causa de um pecado de um antepassado.
Elas não têm responsabilidade pelo pecado de seu antepassado. Observe que no próprio texto de Êxodo 20:5 temos essa explicação: “daqueles que me aborrecem…”.
Esse trecho mostra claramente que a ira de Deus recai sobre os que O aborrecem e não sobre qualquer descendente como se este fosse culpado pelo pecado de algum antepassado.
Isso fica ainda mais claro na orientação do profeta Ezequiel ao povo que falava aquele ditado que citei acima:
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este” (Ezequiel 18:20).
Por que pessoas sofrem pelo mal que outros fazem?
(3) É preciso pontuar aqui que nenhuma pessoa é uma ilha, ou seja, vive sozinha. Isso significa que devido as nossas relações totalmente interconectadas, podemos gerar consequências na vida de outras pessoas devido a atos incorretos que fazemos.
Por exemplo, uma mãe grávida pode escolher usar drogas durante a gravidez, e isso gerará consequências ao feto, que poderá ter problemas graves.
Isso, porém, não significa que esse feto esteja levando o pecado dessa mãe e seja culpado pelos pecados dela diante de Deus.
Não, o que ele está levando são as consequências do coração maldoso da mãe, que exerce sua liberdade de escolha escolhendo os piores caminhos.
Isso existe e não é algo que agrada a Deus, pois Deus nos deixou orientações para escolhas dos melhores caminhos, os caminhos de vida!
(4) Quero ainda pontuar que na Bíblia existem certas palavras proféticas muito fortes e que recaem sobre descendentes. Vejamos uma: “Toda a casa de Acabe perecerá; exterminarei de Acabe todos do sexo masculino, quer escravo, quer livre, em Israel” (2 Reis 9:8).
Será que Deus estaria aqui condenando os parentes de Acabe por causa dos pecados de Acabe? Analisando agora diante de todo o contexto que já estudamos, percebemos que Deus não comete esse tipo de injustiça, certo?
O que temos aqui é o exercício da onisciência de Deus. Deus sabe de todas as coisas e pode saber com antecedência que os parentes de Acabe não iriam se desviar do caminho mau em que andavam, daí Ele profetizar tal juízo sobre eles.
Mas e se houvesse uma mudança de postura na vida deles? Veja o que o próprio Deus diz: “Mas, se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo, certamente, viverá; não será morto” (Ezequiel 18:21).
(5) Fecho aqui dizendo que a Bíblia afirma categoricamente que Deus é justo em Seu julgar. Então, não temos como admitir que Ele possa condenar um inocente por conta do pecado de outro.
Os seres humanos têm suas responsabilidades quanto as consequências que podem gerar na vida de outros e na influência (que pode ser negativa) e que pode fazer pessoas se desviarem de Deus.
Mas não podemos transferir essa responsabilidade para Deus: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).
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