O que significa a loucura de Deus é mais sábia que os homens? Deus é louco?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Eu estou estudando as cartas de Coríntios e em uma das citações Paulo diz que a loucura de Deus é mais sábia do que os homens. Eu não entendi muito bem isso. Como Deus pode ter algo de louco Nele sendo que Ele é perfeito? Seria algum problema de tradução errada nessa parte? Pode me ajudar a entender que loucura é essa que Paulo atribui a Deus?

Caro leitor, a confusão que muitas vezes é feita diante desse texto é porque muitas vezes ele é considerado de forma isolada, sem um estudo mais detalhado de seu contexto.

O estudo do contexto se faz muito necessário para compreender o significado, o que faremos agora.

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O que significa a loucura de Deus é mais sábia que a dos homens?

(1) O texto onde Paulo menciona essa questão da loucura de Deus e também a fraqueza de Deus é  1 Coríntios 1:25: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”.

Para entender esse trecho, precisamos compreender alguns trechos anteriores. Paulo está discorrendo aqui sobre a mensagem da cruz, ou seja, sobre Jesus Cristo, o Salvador, que foi crucificado para nos salvar, o evangelho da salvação.

Essa mensagem era considerada por muitos como uma grande loucura, algo “sem pé nem cabeça”: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1 Coríntios 1:18).

(2) Toda a obra feita por Deus através da morte de Cristo confundiu aquilo que os homens julgavam que Deus deveria fazer.

Os homens queriam ditar como Deus faria a Sua obra, mas Deus a fez (e a faz) conforme Ele quer, demonstrando o quão frágil é a sabedoria humana: “Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?” (1 Coríntios 1:20).

A forma como Deus veio ao mundo por meio de Cristo, a forma como foi morto, crucificado e ressuscitado, para muitos, era algo irreal e não poderia de forma alguma representar Deus fazendo algo ao ser humano.

É por isso que tanto judeus como não judeus, quando recebiam a pregação da palavra (evangelho), queriam receber sinais que os satisfizessem: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria” (1 Coríntios 1:22).

Judeus queriam sinais milagrosos que eles pudessem identificar e aceitar. Gregos (não judeus) queriam que o evangelho fosse provado por meio da lógica e do conhecimento que eles tanto amavam.

(3) Mas segundo Paulo relata, o maior sinal de todos que já havia sido apresentado entre eles era a pregação da obra poderosa feita por Jesus Cristo na cruz para trazer salvação a todo que crê:

“mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:23-24).

Apesar dessa grande obra feita por Deus ser apresentada tanto a judeus como a não judeus, ambos a viam com crítica. Judeus viam-na como um escândalo (pois não aceitavam que o messias pudesse morrer em uma cruz) e os não judeus, ou seja, os gregos aqui mencionados, se apoiavam no seu saber e para muitos deles essa história era uma grande loucura!

A realidade sobre a loucura de Deus e sobre a fraqueza de Deus

(4) Agora chegamos no tema da loucura de Deus. Essa loucura de Deus que Paulo cita poderíamos entender como um “apelido” que esses perdidos dão a obra feita por Deus.

Ou seja, para judeus e gregos (os que não criam) o evangelho da forma como Deus fez era uma loucura. É aqui que Paulo os ironiza.

Se eles chamam a obra feita por Deus de loucura, logo, essa “loucura” de Deus, ainda assim, é muito maior e mais sábia que os pensamentos humanos, pois os homens, de forma alguma, têm sabedoria e poder suficientes para salvar-se a si mesmos.

(5) Paulo ainda fala sobre a fraqueza de Deus: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Coríntios 1:25).

Aqui temos a mesma construção: os homens perdidos apelidaram a obra feita na cruz de “fraqueza”, já que não aceitavam que Deus pudesse morrer em uma cruz para salvar o homem.

Então, essa “fraqueza”, ironiza Paulo, é muito mais forte que a força dos homens, já que sozinhos estão totalmente perdidos!

(6) Assim, conseguimos perceber nesse texto o quão importante é se atentar ao seu contexto (versículos que vieram antes dele) para que consigamos ter uma visão correta daquilo que Paulo chama de “loucura de Deus” e de “fraqueza de Deus”.

De modo algum temos Deus sendo considerado fraco ou louco por Paulo. Pelos perdidos, sim, por esses Deus era considerado louco e fraco caso realmente tivesse morrido em uma cruz para trazer salvação!

Mas a forma como Paulo combate as ideias erradas de judeus e não judeus sobre a mensagem do evangelho é incrivelmente poderosa em argumentos, capaz de demonstrar o quão perdidos eles estavam e continuariam estando caso se mantivessem nesse pensamento!

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