Por que Deus mandou Abraão dar “seu único filho” se Abraão tinha mais filhos?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: No relato de Gênesis 22, quando Deus pede a Abraão que lhe dê seu único filho em sacrifício, fiquei sem entender muito bem por que Deus disse “único filho”, já que Abraão tinha mais de um filho. Como Isaque poderia ser o único? Temos ali algum erro de tradução? Ou qual seria a explicação?

Caro leitor, sua observação foi bem interessante. A grande maioria dos textos bíblicos, para serem compreendidos de forma correta, exigem uma análise mais detalhada do contexto para se chegar ao significado correto dele. Vem comigo, vamos analisar.

Isaque era o único filho de Abraão?

(1) O texto citado por você se encontra em Gênesis 22:2, e diz: “Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei”.

Chama a atenção, de fato, que Deus pede a Abraão que leve a Ele o “teu único filho”. Para entender essa expressão vamos voltar um pouco para o tempo onde Abraão nem era pai ainda. Deus fez a ele uma promessa:

“de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!” (Gênesis 12:2).

A grande promessa feita a Abraão era que dele viria uma grande nação, porém, o fato dele e a esposa Sara não terem filhos e serem já velhos, representava um grande problema na mente deles.

Abraão tinha por volta de 75 anos quando Deus fez essa promessa (Gênesis 12:4).

(2) A história vai contar que essa promessa tornou-se “demorada”, pois já haviam passado 11 anos desde que Deus fez a promessa do filho, fato que fez com que Sara oferecesse uma escrava para que Abraão tivesse um filho com ela:

Era Abrão de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu à luz Ismael” (Gênesis 16:16).

Cerca de mais 13 anos se passaram depois do nascimento de Ismael (Gênesis 17:1) e Deus deixa claro a Sara e Abraão que Ismael não era o filho da promessa.

O filho prometido por Deus cerca de pouco menos de 25 anos atrás ainda nasceria: “Deus lhe respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência” (Gênesis 17:19).

Isso de fato ocorreu cerca de 1 ano após essas palavras do Senhor (Gênesis 21:3).

(3) Ditas essas coisas, agora conseguimos compreender que quando Deus cita “único filho” em Gênesis 22:2 não está citando a quantidade total de filhos que Abraão tinha (ele tinha dois filhos – Ismael e Isaque), antes, está fazendo uma indicação de qual filho era para ser levado.

Ou seja, era o “filho único da promessa”, sobre quem Deus disse que estabeleceria uma aliança, Isaque. Isso traz muito peso ao texto e à grande fé de Abraão, pois parecia uma ordem “maluca” de Deus.

Como ele prometeu que nações viriam desse jovem se agora Deus quer ver ele morto? Abraão creu que Deus faria um milagre (Hebreus 11:17-19) e obedeceu levando o jovem Isaque ao monte determinado pelo Senhor!

(4) Portanto, não temos aqui nenhuma contradição no texto, antes, o contexto nos mostra de forma ainda mais forte que a expressão “único filho” era indicativa, pois existia na história de Abraão uma clara definição de qual era o filho da promessa e qual não era.

O filho da promessa era único! Deus queria que Abraão levasse aquele menino sobre quem estavam grandes promessas do Senhor! Que grande prova Abraão enfrentou!

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