Mulher cristã usar brincos e enfeites é pecado segundo Isaías 3:16-23?

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Você Pergunta: Eu tenho uma dúvida sobre os enfeites que nós, mulheres, gostamos de usar. Uma amiga minha, que é crente de uma determinada igreja, me repreende muito por causa das joias que gosto de usar, como brincos, braceletes e enfeites no cabelo. Ela me diz que Isaías 3:16-23 é uma evidência de que Deus não aprova que mulheres usem esse tipo de coisa, assim como os pagãos usam. Pode me explicar esse texto e essa questão?

Caro leitor, o uso de joias e enfeites é um tema que frequentemente desperta debates no meio cristão. Algumas pessoas interpretam passagens bíblicas como Isaías 3:16-23 como evidência de que Deus desaprova esses adornos. Contudo, uma análise cuidadosa do texto e seu contexto nos ajuda a compreender melhor o que a Bíblia realmente ensina sobre o assunto.

No Antigo Testamento, Deus deu leis para diferenciar Israel das nações pagãs. Entretanto, não há uma proibição geral ao uso de joias. Não temos leis contra isso!

Isaías 3 é um exemplo interessante porque menciona o uso de enfeites dentro de um contexto de juízo do Senhor sobre seu próprio povo. Vamos explorar o significado dessa passagem e como ela se aplica às mulheres cristãs hoje.

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O contexto de Isaías 3:16-23

Isaías 3 aborda o juízo de Deus sobre Judá e Jerusalém devido ao pecado generalizado do povo, incluindo o orgulho das “filhas de Sião”. Sião aqui é Jerusalém e as filhas são as mulheres israelitas dali, que se portavam inconvenientemente!

O texto descreve mulheres altivas, preocupadas com aparência externa, ostentação e envolvidas em pecados sexuais (olhares impudentes):

“Diz ainda mais o SENHOR: Visto que são altivas as filhas de Sião e andam de pescoço emproado, de olhares impudentes, andam a passos curtos, fazendo tinir os ornamentos de seus pés” (Isaías 3:16).

Observe que a condenação não recai sobre os enfeites em si, mas sobre a atitude de orgulho, superficialidade e pecaminosidade delas. Essas mulheres haviam se desviado de Deus, confiando em aparências em vez de um coração obediente. Deus, então, anuncia que retiraria seus adornos como parte do juízo:

“Naquele dia, tirará o Senhor o enfeite dos anéis dos tornozelos, e as toucas, e os ornamentos em forma de meia-lua” (Isaías 3:18).

Essa perda representa a humilhação das mulheres e do povo de Judá diante da invasão inimiga (naquele contexto, os inimigos eram os Babilônios e depois os Assírios). Elas seriam escravas e escravas não teriam bens! Seriam humilhadas como juízo do Senhor!

Note que o texto do profeta não fala só de enfeites, mas também de certas roupas e outros utensílios que elas também usavam com orgulho e altivez diante do Senhor:

“Naquele dia, tirará o Senhor (…) os vestidos de festa, os mantos, os xales e as bolsas; os espelhos, as camisas finíssimas, os atavios de cabeça e os véus grandes” (Isaías 3:18; 22-23).

Tudo isso simboliza aquilo em que confiavam, mas que seria tirado como parte desse juízo e humilhação que iriam sofrer! Então, veja que não temos uma proibição de Deus aqui, por exemplo, de usar bolsas ou véus! Caso houvesse mesmo uma proibição, então, seria de tudo isso que é citado!

Os enfeites das mulheres no contexto bíblico

No Antigo Testamento, enfeites e joias não eram proibidos para as mulheres. Em Cantares de Salomão, por exemplo, vemos descrições positivas de adornos usados pela amada:

“Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço, com os colares” (Cantares 1:10).

O problema surge quando os adornos são usados de forma vaidosa ou como substitutos para a verdadeira devoção a Deus. Em Isaías 3, Deus confronta a atitude errada por trás do uso dos enfeites, não o uso em si.

O Novo Testamento e enfeites para mulheres

No Novo Testamento, encontramos orientações específicas sobre a aparência e o comportamento das mulheres cristãs. O Apóstolo Paulo escreve:

“Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso” (1 Timóteo 2:9).

Aqui, Paulo não proíbe o uso de enfeites, mas orienta que as mulheres se vistam com modéstia e decoro. A expressão “se ataviem com modéstia” sugere que o uso de adornos é permitido desde que seja feito com bom senso e não de forma extravagante ou provocativa.

O significado de Isaías 3:16-23 para hoje

Essa passagem não é uma proibição ao uso de joias ou enfeites, mas uma advertência contra o orgulho e a superficialidade. O foco de Deus é sempre o coração. 

Se os enfeites forem usados com humildade, gratidão ao Senhor por tê-lo e, claro, bom senso, não há pecado nisso. O problema surge quando eles se tornam motivo de vaidade, arrogância ou substituem o verdadeiro temor ao Senhor de alguma forma:

“Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1 Pedro 3:3-4).

Pedro explica aqui que o exterior não pode substituir o interior. O verdadeiro valor deve estar no coração cheio de Cristo. E isso impactará o exterior também, pois a mulher (e o homem também) saberá se portar exteriormente com sabedoria.

Conclusão

A mensagem central de Isaías 3:16-23 é o juízo de Deus sobre aqueles que vivem em orgulho e desobediência. O texto não proíbe o uso de joias ou adornos, mas nos lembra da importância de um coração humilde e voltado para Deus.

As mulheres cristãs podem usar enfeites, desde que o façam com modéstia, decoro e um espírito que honre ao Senhor. Que possamos sempre lembrar que a verdadeira beleza é a que reflete um coração cheio do amor e da graça de Deus.