4 verdades que talvez você não saiba sobre o livre-arbítrio
Você pergunta: Presbítero, estávamos discutindo aqui na igreja no domingo passado acerca do livre-arbítrio. Alguns irmãos afirmavam que todo ser humano o tem, enquanto outros disseram que não temos mais. Poderia nos fazer um estudo dando embasamento bíblico sobre este assunto? Se não temos livre arbítrio, então, não podemos fazer escolhas livres? Ou, se o temos, por que não escolhemos não pecar mais?
Caro leitor, o livre-arbítrio do ser humano sempre foi alvo de muita discussão. Alguns creem que temos o livre-arbítrio, outros que não temos. Antes de trabalharmos o que a Bíblia diz sobre essa questão, é importante entender o que é o livre-arbítrio, qual o significado dele e o que significa realmente tê-lo em nossa vida.
A definição que, acho eu, melhor explica o livre-arbítrio é esta: ”possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”.
Feito esta definição de significado, passo agora a mostrar quatro verdades que a Bíblia ensina sobre o livre-arbítrio.
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Verdades bíblicas sobre o livre-arbítrio
(1) O ser humano foi criado com o livre-arbítrio
Uma análise da criação de Deus nos primeiros capítulos de Gênesis nos mostra claramente que Deus dotou o ser humano dessa possibilidade de decidir livremente e de forma isenta fazer o bem ou o mal (naquele contexto a obediência representava escolher o bem).
Como soberano, Deus ordenou ao ser humano que usasse essa sua capacidade de exercer livremente a sua decisão para fazer a melhor escolha:
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:16-17).
Como o pecado não estava presente, o homem tinha plena liberdade de obedecer a ordem de Deus ou desobedecê-la (como o fez).
Isso configura a existência do livre-arbítrio dado por Deus ao ser humano, pois não havia nada aqui que contaminasse o homem e influenciasse a sua decisão sem que ele tivesse controle. Apenas havia um direcionamento do Senhor!
(2) O ser humano perdeu o livre-arbítrio
Após a entrada do pecado no mundo, percebemos claramente que a penalidade imposta por Deus em caso de desobediência passa a vigorar. O homem tem diversas perdas, passando a morrer fisicamente e a também estar morto espiritualmente.
Essa condição é clara, o homem passa a ser pecador e a não mais ter poder pleno de exercer o seu livre-arbítrio, já que sua natureza agora pende e é inclinada para todo tipo de pecado e maldade.
A sequência do livro de Gênesis a partir do capítulo três nos mostra claramente a maldade dominando o ser humano, vemos homicídios acontecendo e pecados de todos tipos sendo praticados.
Mesmo os homens que tem algum relacionamento com Deus (Noé, por exemplo) não tem uma vida isenta de pecados! Existe muito esforço para agradar a Deus! Isso porque as escolhas do homem estão contaminadas pelo pecado!
(3) Mesmo sendo restaurados por Deus, o homem não recupera seu livre-arbítrio
Alguns entendem que após sermos reconciliados recuperamos essa condição de exercer o livre-arbítrio, mas essa não é a realidade que a Bíblia ensina.
Mesmo os salvos, sendo alcançados por Deus e transformados, mesmo que busquem diligentemente a santificação, ainda assim são influenciados diretamente pela sua natureza humana pecaminosa, que tira qualquer liberdade isenta de escolher o bem, mas, claro, deve ser resistida com a ajuda de Deus.
Veja o que Paulo diz sobre isso: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7:19).
Isso pode ser visto também na prática, pois, se realmente tivéssemos o livre-arbítrio deveríamos, como crentes, termos a capacidade de não mais pecar pela nossa livre decisão.
Deveríamos decidir que não mais pecaríamos e ter condições de cumprir isso, o que não acontece. É por isso que Deus estabelece a necessidade do arrependimento e do perdão para nossa bênção.
(4) Quer dizer que não podemos mais fazer escolhas livres?
Existem escolhas cotidianas que não tem a ver diretamente com a nossa natureza humana pecaminosa. Qual sapato vou colocar. Que horas vou colocar o despertador para tocar. Vou colocar uma camisa verde ou vermelha.
Esse tipo de escolha nós fazemos livremente, é o que a teologia chama de livre agência. As escolhas que estão inclusas no livre-arbítrio são as escolhas relacionadas a exercer plenamente e livremente o bem e a ter a capacidade de se aproximar de Deus por nós mesmos.
Essas só são possíveis de forma satisfatória (não plena e perfeita, pois perdemos o livre-arbítrio) com a atuação de Deus em nossa vida. Quando Deus atua em nossa vida, passamos a ter a possibilidade de ser santos, de buscar e adorar a Deus.
Isso é uma capacidade que Deus nos dá. Porém, ela não indica que temos o livre-arbítrio, temos apenas a graça de Deus nos ajudando a vencer nossa natureza pendida ao pecado e fazer a vontade do Pai.
Então, quando conseguimos escolher o bem, é fruto da graça de Deus que nos ajudou! Mas quando pecamos, percebemos que ainda somos influenciados pelo pecado em nossas escolhas, que estão contaminadas!
Para você que acredita que ainda temos livre-arbítrio, uma pergunta: Você conhece alguém que já conseguiu livremente deixar de pecar, usando o livre-arbítrio de forma totalmente plena?
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